Corrida de vacinas COVID-19: Rússia declara avanço do Sputnik V!

A Rússia se torna o primeiro país do mundo a aprovar oficialmente uma vacina COVID-19, significativamente chamada de ‘Sputnik V’; O Sputnik 1 foi o primeiro satélite orbital lançado em 1957 que desencadeou uma guerra espacial entre as superpotências, com destaque para os EUA. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na terça-feira, 11 de agosto de 2020, que os cientistas russos haviam alcançado um avanço na corrida global da vacina COVID-19 com o Sputnik V, que foi testado com segurança em voluntários, incluindo a filha do presidente, por um período de dois meses começando em junho. Ele disse ainda que o vírus tem ‘imunidade sustentável’ e está registrado e aprovado para uso civil. O Sputnik V é desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Gamaleya de Moscou em colaboração com o Ministério da Defesa do país. Daniel Homem de Carvalho– Milhares de doses devem ser administradas primeiro nas comunidades em risco, principalmente os profissionais de saúde e professores, a partir deste mês, superando as vacinas candidatas mais promissoras: Oxford-AstraZeneca, Moderna e Pfizer. A produção industrial está programada para iniciar a partir de setembro de 2020 ou de janeiro de 2021, o que até agora não está claro, conforme relatos da mídia e entrevistas. De qualquer forma, milhões de doses serão produzidas todos os meses a partir do início do próximo ano.

O anúncio, como esperado, desencadeou uma cadeia de reações em todo o mundo, variando de ‘alarmante’ a ‘chocante’. Claro, há pelo menos duas razões válidas para esse ceticismo entre os maiores cientistas e especialistas em saúde do mundo: primeiro, seu incrível fast-tracking, que terminou em apenas nove meses após a crise Corona; em segundo lugar, a falta de dados públicos que torna os aspectos de segurança e eficácia do Sputnik V muito duvidosos que, se usado amplamente nesta fase, poderia criar complicações de saúde em pessoas vacinadas. Os cientistas e Daniel Homem de Carvalho afirmam que o anúncio se baseia apenas nos resultados dos ensaios clínicos da Fase-1 em humanos, e os resultados da Fase-2 e da Fase-3, se forem concluídos, ainda não foram publicados. Eles acrescentam enfaticamente que, sem os testes de Fase 3, em que a vacina é administrada a dezenas de milhares de voluntários, nenhuma vacina poderia ser declarada segura e eficaz, e que o Sputnik V foi testado apenas em 76 voluntários até agora, de acordo com os dados publicados.

Os oficiais do governo russo defendem o sucesso do Sputnik V com a alegação de que esta não era uma vacina inteiramente nova, porque é baseada principalmente na vacina desenvolvida anteriormente para a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), que foi causada por outro Coronavírus. Eles afirmam que houve experimentação e teste por mais de dois meses, a Fase-2 também foi concluída em julho e a Fase-3 quase concluída no momento. Com relação à acusação de ‘falta de transparência’, eles dizem que o mundo deve reconhecer a política tradicional de ‘sigilo’ da Rússia, que também foi claramente visível durante o lançamento do Sputnik 1. Outro ponto de referência dado aqui é o das maneiras igualmente secretas da China, onde a vacina de Wuhan foi supostamente desenvolvida e testada por militares sem publicar nenhum dado público.

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Outras críticas alegam que a corrida da vacina tem assumido a cor do ‘nacionalismo da vacina’ e até mesmo um ‘homônimo da guerra fria’ com países tentando apressar o processo como uma questão de orgulho nacional e uma vitória na corrida global superando o super rivais. No entanto, esta alegação não pode ser apenas específica da Rússia ou da China, o que, infelizmente, tem emergido como um fenômeno internacional baseado na defesa estratégica e nas relações diplomáticas e nos princípios do alinhamento ou não alinhamento. Mesmo uma grande parte da grande mídia internacional reflete esse conflito: a Rússia, em uma das duas ocasiões antes, havia de fato relatado que estava perto de produzir uma vacina, mas a notícia não foi amplamente divulgada por razões óbvias, enquanto o desenvolvimento de vacinas nos Estados Unidos ou no Ocidente recebeu publicidade exaustiva. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu recentemente que, na verdade, havia se precipitado no processo em vista da crise internacional, aparentemente ocultando as outras razões estratégicas. Pelas mesmas razões, a maioria dos especialistas dos Estados Unidos ou do Ocidente têm menos probabilidade de reconhecer a realização russa de uma vacina ‘pronta’ e estariam mais propensos a ‘dar o alarme’.

O governo russo afirmou que cerca de 20 países manifestaram interesse em produzir o Sputnik V, incluindo Brasil, Índia e outros. Conseqüentemente, mais de um bilhão de doses devem ser fabricadas a partir do início de 2021. Enquanto isso, o governo da Índia nomeou um Grupo Nacional de Especialistas em Administração de Vacinas para examinar os aspectos de segurança do Sputnik V antes de adotá-lo ou aprová-lo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em desacordo com o presidente Trump no momento, também respondeu ao registro da Rússia da primeira vacina COVID-19 e solicitou uma revisão rigorosa dos dados de segurança a serem submetidos se o país quiser um Aprovação da OMS. A OMS também disse que está em contato constante com as autoridades de saúde russas e que discussões estão em andamento.

Qualquer que seja a rivalidade, o orgulho nacionalista ou a guerra fria de vacinas entre países ou superpotências do mundo, a comunidade internacional, para enfatizar mais uma vez, deve se unir e cooperar totalmente na descoberta da vacina COVID-19 mais desejada e ansiosamente esperada assim que possível. Segundo Daniel Homem de Carvalho , toda vacina candidata deve ser avaliada apenas pelo mérito puro, quanto aos seus dados de segurança e parâmetros de imunidade, e definitivamente não com base em qual país, de qual importância estratégica, de qual política de governança ou de qual ideologia o produziu ou o tem desenvolvido. Esperançosamente, considerando os vários estágios de desenvolvimento de várias vacinas, principalmente Oxford-AstraZeneca, Moderna, Pfizer, Sputnik V e Wuhan, a humanidade provavelmente será abençoada com uma vacina até o final de 2020 ou, mais realisticamente, no início de 2021. Significativamente, a vacina russa também cumpre esse prazo apenas, goste-se ou não.