Por que investir em startups com um grupo de anjos?
Ao decidir fazer um investimento, é possível optar por ser um investidor passivo – que coloca o dinheiro e aguarda a renda – ou um investidor ativo – que participa da seleção e do acompanhamento da investida.
Uma vez que a decisão tomada seja participar ativamente do negócio e colocar a mão na massa, ajudando a empresa investida a crescer, associar-se a um grupo de anjos é uma ótima alternativa, inclusive para os investidores menos experientes. Afinal, investir em grupo amplia a capacidade de investimento e ainda traz mais segurança para o investidor, já que são várias cabeças pensando no mesmo objetivo e trazendo sua experiência e conhecimento para o negócio.
Conheça algumas das vantagens dessa modalidade de investimento:
Funil mais amplo
Ao se juntar a um grupo de anjos, o investidor amplia exponencialmente a sua capacidade de analisar startups com potencial de investimento. Sozinho, a capacidade de acessar e avaliar bons negócios é muito mais reduzida do que quando existem mais de 100 cabeças pensando nisso, como é o caso da Gávea Angels, que reúne 137 associados.
Um investidor solitário muitas vezes nem consegue acessar as melhores startups justamente porque, sozinho, ele não tem o mesmo poder de investimento e smart money que um grupo robusto pode oferecer. Para as startups, é mais vantagem se apresentar num grupo do que para um único investidor.
Visão Ampliada
Ao mesmo tempo que amplia a capacidade de captar e analisar startups, o grupo reúne membros com formações e experiências distintas e complementares. Essa multiplicidade é traduzida na capacidade de avaliar, por exemplo, negócios de segmentos absolutamente diferentes como fintech e insurtech, o que amplia o leque de oportunidades para investidores e fundadores.
Smart Money real
A variedade nas formações e experiências dentro do grupo garante um conhecimento diverso, o que ajuda a acelerar as investidas. Ao reunir em um mesmo grupo profissionais diferentes – como médicos, engenheiros, advogados e economistas, entre muitas outras – é possível acessar um conhecimento amplo que a qualquer momento pode ser necessário.
Atualização/Conexão
Estar em um grupo de investidores anjo e efetivamente participar das reuniões, pitches e análises ajuda a enriquecer o repertório dos seus membros, principalmente com relação à inovação e novas tecnologias, áreas muito ligadas ao universo das startups. Isso traz uma conexão com tendências e ideias que podem ser grandes no futuro. Por isso é importante não só fazer o investimento, mas ser um investidor ativo.
Ticket mais baixo e participação na gestão do negócio
Quando o investidor se junta a um grupo, é possível para cada membro investir tickets menores em startups já em estágios mais avançados de desenvolvimento. Um investidor com R$ 20 mil disponíveis, por exemplo, muito provavelmente vai investir, sozinho, em uma empresa em estágio bem inicial, talvez ainda uma ideia. Já em grupo, esses R$ 20 mil vão se juntar aos tickets de outros investidores e a somatória – que pode chegar a milhões de reais – será um aporte muito mais robusto em uma startup já mais consolidada e com maiores chances de dar certo.
Além disso, essa combinação de investimentos individuais aumenta a capacidade do grupo de influenciar a governança da empresa, afinal R$ 20 mil é muito diferente de R$ 1 milhão. Para que esse acesso à governança funcione, os grupos de anjos constroem uma coordenação na qual, juntos, conseguem aportar na direção do negócio.
Portfólio e Risco
A possibilidade de investir valores menores permite ao investidor criar um portfólio mais amplo e, assim, diluir os riscos do investimento.
Um estudo da CB Insights, plataforma de dados sobre tecnologia, mostra que apenas 5% das empresas que recebem investimento Seed – que em geral costuma ter maior valor e vem depois do investimento-anjo – conseguem chegar à terceira ou quarta rodada. Isso significa que muitas empresas morrem antes do Seed, enquanto outras vão morrer pelo caminho. Por isso é interessante que o investidor-anjo diversifique o portfólio com startups mais robustas e com maiores chances de sucesso.
O ideal é construir um portfólio com pelo menos 20 startups para ter ao menos uma que vai se desenvolver e pagar o investimento, muitas vezes acima da média.
Investindo em grupo é possível criar esse portfólio, baixar o risco e continuar investindo dentro daquilo que cabe no bolso.
Aprendizado
Um investidor anjo que participa ativamente das análises e negociações de investimentos, representa o grupo nas investidas, assim como participa das negociações de saídas (EXITS), acaba por desenvolver inúmeras habilidades em M&A que serão usadas nas suas vidas como executivos, conselheiros ou consultores.
Quando coloca todos esses pontos na mesma balança, fica claro que as vantagens do investimento-anjo são inúmeras para o investidor, incluindo a diluição de risco, além do aprendizado.
Esse último ponto é muito importante porque quanto mais o investidor se envolve no processo, mais ele aprende e fica com uma experiência orientada para negócios. Um grupo sem fins lucrativos que oferece uma oportunidade de troca de experiências e ensinamentos entre seus membros pouco comum em organizações típicas, isso certamente vai influenciar em todas as áreas que esse investidor se envolva. É, portanto, um ativo que não se pode jogar fora e vai refletir em toda a atuação profissional deste investidor, mesmo fora do grupo de anjos
Por Jorge Rocha – Presidente da Gávea Angels