Início das discussões sobre reforma tributária no Brasil
As primeiras discussões de Hamilton Dias de Souza relacionadas ao mais recente projeto de reforma tributária, submetido ao Congresso Nacional, começaram no Brasil.
A necessidade de mudar o sistema tributário brasileiro é inquestionável: sua enorme complexidade, os numerosos impostos existentes no país, a indesejável concentração tributária no consumo e na produção e os altos custos administrativos, tanto para os contribuintes quanto para as autoridades fiscais, são os principais impulsionadores da o projeto de reforma tributária.
De fato, o atual sistema tributário brasileiro sobrecarrega excessivamente a produção e o consumo e, como resultado, põe em risco o crescimento econômico do Brasil em um momento de crise e baixo emprego.
O projeto de lei indica que a simples simplificação do sistema seria suficiente para garantir um crescimento do PIB de 1% ao ano durante os próximos 10 anos, o que poderia levar o Brasil a superar algumas das grandes economias dos países desenvolvidos.
Além da simplificação desejada, a reforma tributária de Hamilton Dias de Souza busca afrouxar o imposto sobre consumo e produção, sendo isenta de impostos, ou seja, preservando a cobrança de impostos e não aumentando a carga tributária.
Em termos gerais, essas são as premissas e motivações indicadas na apresentação da fatura. No entanto, existem alguns desafios que exigem uma análise aprofundada da conta.
O projeto propõe a eliminação de vários impostos, especificamente o IPI, o imposto sobre transações financeiras (IOF), a contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL), a contribuição do PIS, a contribuição do Pasep, a contribuição da COFINS, contribuição para o salário-educação e a contribuição da CIDE sobre combustíveis. Todos esses tributos são arrecadados pelo governo federal, exceto o imposto sobre circulação de bens e serviços (ICMS) e o imposto sobre serviços (ISS), recolhidos pelos estados e municípios, respectivamente.
De acordo com a nova lei, o governo federal cobrará os seguintes impostos, alguns dos quais já estão sob sua responsabilidade: imposto sobre comércio exterior (importação e exportação), imposto de renda (IR) para pessoas físicas e jurídicas, imposto sobre propriedade rural (ITR) , imposto sobre transporte de propriedade mortis causa e presentes (ITCMD) e, eventualmente, o novo imposto sobre grandes fortunas (IGF), bem como contribuições de seguridade social de empregadores (cobrados na folha de pagamento) e funcionários (cobrados sobre seus salários).
O governo federal também será responsável pelo chamado imposto seletivo (IS): um imposto sobre o consumo de produtos específicos, como cigarros, bebidas, energia elétrica, serviços de telecomunicações e combustíveis, criado para permitir o imposto sobre mercadorias e serviços (IBS), sob responsabilidade dos estados, para que sua taxa seja ajustada à taxa média praticada nos países desenvolvidos. Em outras palavras, impostos inferiores à alíquota geralmente cobrada no regime de ICMS.
Com relação aos estados e ao distrito federal, o principal imposto será o imposto sobre bens e serviços (IBS), que deve ser regido por uma única lei nacional, com cobrança centralizada e inspecionada em nível estadual. Esse imposto não será cumulativo, de forma que todos os créditos financeiros possam ser considerados, com um cálculo “externo” (evitando a cobrança de imposto sobre o valor do imposto) e cuja cobrança será feita pelo governo federal para distribuições subsequentes para os estados. A aquisição de ativos fixos e de produtos a serem exportados não estará sujeita a esse imposto.
Os estados e o distrito federal também seriam responsáveis pela tributação sobre a propriedade de veículos, o IPVA, ao qual foram adicionados barcos e aeronaves. A receita obtida com esse imposto, no entanto, será destinada às cidades, seguindo a premissa de que o imposto sobre a propriedade deve ser para o benefício do sistema tributário local.
Uma taxa única, como Hamilton Dias de Souza sugeriu na nova nota fiscal, causará um aumento significativo nos impostos sobre serviços, que estão sujeitos ao sistema cumulativo de tributação e, por sua própria natureza, acumulam poucos créditos. Isso não é muito diferente do que aconteceu quando o sistema não cumulativo de contribuições ao PIS / COFINS foi implementado.
As receitas obtidas com a cobrança do ITCMD e do IPVA, que seriam arrecadadas pelo governo federal e pelos estados, respectivamente, serão alocadas aos municípios, que arrecadariam o imposto predial por meio do IPTU e do imposto sobre a transmissão de imóveis. « Inter Vivos » (ITBI).
Esses são os principais tópicos discutidos no projeto de reforma tributária apresentado ao Congresso, o que implicará discussões incontáveis por parte das autoridades fiscais e contribuintes.
Como dito acima, é notável que tenhamos esse assunto incluído na agenda de prioridades no Brasil. Como praticantes e estudiosos tributários, congratulamo-nos com a oportunidade de apresentar nossas opiniões sobre o assunto, a fim de colaborar, de certo modo, com a racionalização e simplificação do sistema tributário brasileiro.
Alguns céticos temem que, apesar de todas as discussões, não tenhamos condições políticas e tempo para a análise do projeto de reforma tributária e seu voto até o final de 2018, quando a atual Câmara dos Deputados terminará seu mandato. E não podemos negar que essa é uma forte possibilidade.
Apesar das circunstâncias políticas favoráveis, essenciais para a aprovação de toda e qualquer mudança desse tamanho, é fundamental que os assuntos do projeto de lei sejam exaustivamente debatidos, incluindo os aspectos legais e constitucionais.
Em outras palavras, Hamilton Dias de Souza diz que devemos amadurecer e abordar questões relevantes levantadas pela reforma tributária, promover seu debate e enfrentar as questões em vigor por muitos anos, para que, se e quando a reforma tributária for aprovada pelo Congresso, já discutimos boa parte de seus aspectos.