Como saber quando o videogame é um problema para as crianças?

Antigamente, a preocupação de muitos pais era deixar os filhos brincando com outros colegas, até altas horas na rua. Apesar da violência ainda ser um inimigo sempre presente em nossas vidas, hoje, muitos pais também lidam com um novo problema dentro de casa: a tecnologia.

É bastante comum ver uma criança ou um adolescente passar horas jogando videogame ou em frente ao computador. No entanto, depois que os jogos eletrônicos foram relacionados ao massacre à escola Raul Brasil, em março deste ano, no município de Suzano, região metropolitana de São Paulo, muitos pais se atentaram a ter um controle maior sobre essa atividade dos filhos.

Mas, quando o videogame deixa de ser mera distração para as crianças e se torna um  sinal de alerta? Alguns especialistas explicam o caso.

O videogame pode influenciar um jovem?

De acordo com a psicóloga Karina Ferreira, especialista no desenvolvimento do adolescente, antes de ver os jogos eletrônicos como um problema, é necessário analisar o contexto em que a criança ou o adolescente está inserido.

“Antes de falarmos que o videogame é o único fator que influencia uma criança ou um adolescente, devemos ver com ele se enxerga na sociedade e qual a sua estrutura familiar. A partir disso, é possível notar alguns  traumas e outros comportamentos que ele está emitindo”, explica a especialista.

Além disso, ela também afirma que o papel da família é sempre estar ao lado da criança ou do jovem, para evitar que problemas futuros venham a acontecer. “Caso a criança não tenha quem lhe ofereça acolhimento, amor, educação, valores, consequências para esse futuro adulto podem ocorrer, sendo uma delas a violência”, completa.

Para a psicóloga, não é uma exclusividade dos games ou então dos e-sports afetarem o comportamento de um jovem. “Quando um jovem tem algum distúrbio psicológico, qualquer coisa pode virar um gatilho, um filme, um jogo ou um desenho. Por isso, o papel da família é fundamental”.

Contudo, ela ainda afirma que os games podem afetar positivamente o comportamento e o desenvolvimento da criança e do adolescente. “Algumas práticas consideradas violentas, como o airsoft, podem ajudar o indivíduo, a lidar com as suas emoções e, com isso, o menor pode se tornar um adulto melhor”.

Quando os games afetam a vida escolar?

Para a professora e coordenadora pedagógica Joana D’Arc Souza, os jogos começam a se tornar um problema, quando o rendimento escolar da criança ou do adolescente começa a ser afetado.

“Alunos que estudam no período da manhã e passam a madrugada em frente ao computador chegam na escola cansados e com sono. Assim, a capacidade de aprendizados desses jovens é reduzida, afetando o desempenho escolar”, afirma a educadora.

De acordo com uma pesquisa realizada pela University of Connecticut School of Medicine, em Farmington, nos Estados Unidos, ao jogar, o cérebro é afetado por uma grande quantidade de dopamina, fazendo que produção de neurotransmissores seja reduzida.

Com isso, a área responsável à tomada de decisão e autocontrole é fortemente atingida, causando alterações do comportamento não só das crianças e adolescentes, mas também em adultos que praticam e-sports com excesso.

Isso explica uma reclamação da professora. “Alguns alunos chegam realmente irritados em sala de aula. Nós, que trabalhamos com adolescentes, sabemos que algumas alterações no comportamento são normais nessa fase, porém, o excesso do uso de videogames só agrava essa situação”.

O que fazer nesses casos?

Pais e mães podem se ver perdidos quanto ao controle da duração do uso do computador pelos filhos, já que em muitos casos, este é um dos únicos momentos de lazer da criança e do adolescente.

Por isso, é sempre recomendado estimular o menor a praticar atividades físicas e a manter relações no mundo real, sejam com amigos ou familiares da mesma idade.

O diálogo também é essencial, não só pelo uso de videogames, mas também por toda rotina que uma criança e um adolescente —  nesses casos, mais ainda —  tem durante este período.

Dessa forma, é muito mais fácil saber o que está acontecendo com o seu filho e, assim, saber como agir antes que a diversão se torne um grave problema.